sexta-feira, 20 de maio de 2011

Velozes & Furiosos 5 - Operação Rio

Repare no pôster. Em uma rápida pesquisa no Google, pode-se perceber uma coisa diferente entre este e o dos outros quatro filmes. Em todos os cartazes até aqui, além dos atores, o destaque sempre são os carros. Neste, a primeira coisa que vemos são armas, e isso diz muito. Quando “Velozes e Furiosos” estreou em 2001, atingiu em cheio ao público jovem, apaixonado por carros, mostrando o submundo dos rallys clandestinos e popularizou o tuning no Brasil (sim, ele é o responsável por hoje você ver um Fiat Uno com neon e adesivos gigantes e ter vontade de chorar). Ao faturar mais de cinco vezes o seu custo, estavam abertas as portas para uma nova franquia, e para dezenas de filmes com temas parecidos que pipocaram nos anos seguintes, nenhum deles promissor. Seguiram-se filmes ruins e sem o carisma dos protagonistas do primeiro. A única coisa que todos tinham em comum eram “carros” como tema principal e assaltos ao fundo, quando agora o que temos é um filme de assaltos, com alguns carros ao fundo.
Para compensar a falta do automobilismo – o único “pega” acontece com mais de uma hora de projeção, e é o mais sem graça de toda a franquia – o que se vê é uma reunião de personagens secundários de todos os filmes anteriores, somados ao trio de protagonistas e uma coleção de referências. Vin Diesel sempre foi o principal nome do elenco. Com inquestionável presença em cenas de ação, ele já não tem a mesma forma física de dez anos atrás, e dessa vez conta com um oponente do seu tamanho, Dwayne Johnson (o antigo “The Rock”) num personagem vazio, mas que funciona. Particularmente, sempre me encantei com a beleza de Jordana Brewster, e neste filme ela não se limita em ser a irmã de Dominic, mas fala português sem sotaque, exibe uma barriguinha de grávida e corre favela abaixo como ninguém (não dá vontade de levar pra casa?).
Jordana balançada com meu convite
Velozes 5 se passa no Rio de Janeiro, mas é um Rio feio e pobre, um contraponto com a animação “Rio”, lançada no mesmo mês, que traz o outro lado da moeda. Aliás, o fato de se passar no Rio de Janeiro realmente foi algo que agradou o roteirista, nunca vi tantas vezes o nome de uma cidade ser repetida dessa forma. A impressão que se tem é de que temos que ser lembrados a todo instante que aquilo é o Brasil, e não os Estados Unidos. O que nos leva a uma cena lamentável, onde Vin Diesel diz a um policial com um sorriso maroto: “This is BRASIL”, e instantaneamente todos os civis que estavam no local tiram uma arma do bolso. Outra questão que sempre se levanta quando filmes estrangeiros são gravados por aqui é: por que não contratar alguns atores locais para papeis secundários? Neste filme, os americanos tentando falar português deve ter ficado tão ruim, que resolveram dublar as cenas, ao menos é melhor que ouvir aquele sotaque vindo de um “nativo” (ressalto o português Joaquim de Almeida, que além de bom ator, disfarça perfeitamente seu sotaque).
O grande destaque deste filme é a boa execução das cenas de ação. Por mais que o roteiro não ajude e traga uma situação mais bizarra que a outra - sendo difícil acreditar, por exemplo, em um cofre que é carregado pela cidade inteira, ou dois homens que caem de um penhasco sem nada sofrer, ou uma mulher grávida de semanas virar praticante de le parkour pela favela, isso para não comentar a cena de abertura. Até agora estou tentando entender como ninguém se feriu naquele ônibus, mas divago – é indiscutível o talento do diretor Justin Lin nas cenas de perseguição. Intercalando planos abertos e fechados, nos deixando entender tudo que está acontecendo, e com o auxilio de ótimos efeitos especiais, as cenas são fantásticas (destaque para a perseguição da favela e a do cofre).
Depois de dez anos e cinco filmes, finalmente a franquia conseguiu alcançar o que todas as obras tentam. É sucesso de público e crítica, garantindo ao menos mais uma continuação. Para tanto, foi necessário perder um pouco da essência, deixar os carros de lado, esquecer os beijos lésbicos gratuitos, e fazer os pilotos virarem atiradores.

Obs: Há uma importante cena pós créditos com mais duas personagens dos primeiros filmes.

Velozes & Furiosos 5 - Operação Rio *** 7,0
Fast Five, EUA
Justin Lin, 2011

domingo, 1 de maio de 2011

Micro-críticas #06

Rio

Já faz muitos anos que as animações deixaram de ser apenas infantis. Muito disso se deve a Pixar que sempre consegue achar o meio termo entre divertir crianças e adultos em uma junção de diálogos inteligentes com o humor fácil de entender. E lá se vão 15 anos do lançamento de Toy Story (não errei a data, você está velho mesmo).
Rio chega aos cinemas com uma proposta diferente, definitivamente é uma animação para crianças, e agrada o público alvo. Bonitinho, engraçadinho, com personagens carismáticos e cheio de cor. Para conquistar os adultos, o diretor Carlos Saldanha apostou em um filme visualmente lindo, e conseguiu, não há como negar a beleza das imagens perfeitas do Rio de Janeiro. Não contente em apenas “mostrar” o Rio como um lugar maravilhoso (até a favela é linda), faz propaganda da cidade. Chegando ao cúmulo de num último e embaraçoso musical, dizer com todas as letras: “Venha para o Rio!”. Parece um grande vídeo publicitário para atrair turistas (repare que a primeira vez em que o nome da cidade é mencionado, imediatamente aparece um globo terrestre, identificando a localização do país para os estrangeiros menos informados), o que me faz pensar que “Rio” é um filme bonitinho, mas ordinário. (Carlos Saldanha, 2011) *** 7,0

Sobrenatural

Um casal com três filhos pequenos acaba de mudar-se para uma casa nova, mas ela parece estar mal assombrada. Já vimos isso antes, muitas vezes, mas não sejamos apressados. Sempre que assistimos a um filmes com essa premissa, logo no primeiro ato pensamos: “Por que não saem logo dali?” Pois é, quase levantei da cadeira para aplaudir quando a família realmente se muda, como qualquer pessoa com cérebro faria.  Mas o problema não era a casa. Agora sim podemos dizer que no mínimo é original, mas não só isso. “Sobrenatural” flerta com o trash e por ter um roteiro com algumas invencionices acaba se tornando didático, mas definitivamente, ARREPIA. (James Wan, 2011) **** 7,5

Eu Sou o Número Quatro

Nove crianças são as únicas sobreviventes de um planeta chamado Lórien, e são enviadas à Terra, criadas separadas e fazem-se passar por seres humanos. Eis que a mesma espécie invasores que devastou seu país, os Mogadorians, está por aqui para destruí-los também. Três foram mortos, mas Josh Smith é o número quatro, TANDÃÃÃ! Tá bom, todos concordam que é meio bizarro, mas esta é a nova franquia que pretende conquistar esta geração. O problema é que se você acha que o tal número quatro vai apresentar uma grande resistência e sair matando todo mundo, está enganado. Primeiro porque o confronto demora a ocorrer, afinal há a preocupação de apresentar os personagens e encher a tela com perguntas, que não se respondem até o fim do filme, mostrando claramente que é apenas um primeiro capítulo dessa nova “saga”. Depois porque Josh nem sabe dos poderes que tem, e vai descobrindo aos poucos.
Apesar de ser abarrotado de clichês e apresentar muitos problemas, como a narração desnecessária e um vilão que daria muito mais medo se não falasse, mesmo assim consegue divertir. (D. J. Caruso, 2011) *** 5,5

Pânico 4

Dez anos depois de sua última aparição, Ghostface volta a dar as caras e dá também novo fôlego a esta franquia peculiar. A trilogia Pânico usava e abusava da auto-paródia com sucesso, mas foi declinando desde sua estréia com o ótimo primeiro exemplar, depois uma sequência muito boa, e um encerramento razoável.  
A abertura deste filme é com absoluta certeza uma das melhores de todos os tempos do terror, e tem tudo que o ele simboliza. É inteligente, ágil, engraçado, crítico e assusta.
Tem o final mais surpreendente e mais orgânico entre todos os quatro, mais divertido entre todos os quatro, e no conjunto, com certeza melhor que Pânico 2 e 3. (Wes Craven, 2011) **** 8,5

Thor

Depois de um primeiro ato desastroso, pensei comigo: “Calma, vai melhorar”. Mas não aconteceu. Serei breve: Efeitos ruins, o filme parece ser feito 90% no computador. Diálogos ruins, prepare-se para coisas super inovadoras como “Por que você não me contou?” R:”Para te proteger!”. Roteiro ruim, o protagonista vem à Terra para aprender uma lição, fica dois dias por aqui, tem um caso e volta “um outro homem”, como se tivesse aprendido muito com as “dificuldades”. Aliás, toda a trama que se passa na Terra é absolutamente sem sentido. Um amor que surge do nada, piadas soltas que tentam deixar o filme atual, e personagens sem graça.
Não fossem as atuações, principalmente do protagonista Chris Hemsworth e a ótima trilha sonora, seria um horror completo. (Kenneth Branagh, 2011)  * 3,0
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