Se Angelina Jolie protagonizasse um filme sobre andorinhas canadenses com leucemia que vivem Madagascar fugindo de carcereiros de Guantánamo, eu continuaria gostando dela. Mas não acho que seja essa paixão adolescente remanescente em mim que me fez constatar que ela é o melhor de Salt.
O roteiro foi originalmente escrito para ser protagonizado por um homem, o que o colocaria na categoria “mais do mesmo”. Não que não tenha seus méritos. Surpreende em algumas reviravoltas, mas também peca pelo excesso de flashbacks, chegando a constranger, por mostrar algo que já havia sido explicado anteriormente.
O suspense que se tentou criar com os trailers não funcionou. Uma pessoa inocente não teria por que fugir desesperadamente matando gente, quando é acusada de algo injustamente, e a maior parte das pessoas que vão à sala de cinema, já imaginam que a protagonista é realmente uma espiã russa, e isso não demora a se responder. Na impactante cena inicial, já se vê do que aquela mulher é capaz para segurar uma mentira.
O diretor Phillip Noyce, que já havia trabalhado com Jolie em O Colecionador de Ossos, merece aplausos por conseguir fazer com que aquela mulher magra e aparentemente frágil fosse verossímil em cenas absurdas. Jolie convence e cumpre o que promete. Ver uma mulher pulando sobre caminhões em movimento, batendo em muitos homens ao mesmo tempo não é comum, e é o que destaca Salt dos outros filmes do gênero.
Foi um erro não dar um final descente, tentando fazer do longa o início de uma nova franquia, já que as bilheterias não têm demonstrado fôlego suficiente para isso.
Enfim, Salt é realmente apenas mais um filme de ação, muita ação, e nada mais, porém com aquele olhar charmoso que só Jolie sabe dar, mesmo de cabelos masculinos e a cara toda quebrada.
Salt *** 7,0
Salt
Phillip Noyce, 2010