Cópia Fiel

Tudo vai razoavelmente bem, quando numa cena impagável em um café, TUDO muda. Esqueça tudo que eu disse no parágrafo anterior. Não vou contar o que acontece, porque acho que você, caro leitor, merece ficar tão embasbacado quanto eu. Merece como eu, passar o resto do filme tentando entender aquilo tudo. Mais do que o durante, você sairá do filme, ainda remoendo aquela loucura.
Afinal, era uma mentira desde o início? Virou um jogo de interpretações a partir do meio? Ou dane-se, afinal, não importa o que é, mas sim o que você vê e sente. (Abbas Kiarostami, 2011) **** 8,0
Turnê
Mathieu Amalric, protagonista do fantástico “O Escafandro e a Borboleta” aparece aqui não apenas atuando, mas também dirigindo. O ex-produtor de televisão Joachim traz um grupo de dançarinas burlescas americanas para uma turnê na França. Apresentações que se dividem entre o belo e o bizarro, mas nunca deixam de ser divertidas; mulheres lindas sim, aos seus modos; belas atuações de Miranda Colclasure como Mimi Le Meaux e do próprio Amalric. Infelizmente, o filme segue mais como um retrato do ambiente em que vivem estes artistas, e não contém, ou não explora, uma real problemática. Fica aquele gostinho de que falta alguma coisa, além de toda a ousadia. (Mathieu Amalric, 2011) **** 8,5
Baseado no livro “VIPs – Histórias Reais de um Mentiroso”, em que Marcelo do Nascimento conta como levou a vida mudando de nomes e se fazendo passar inclusive por um dos donos da companhia aérea Gol, dando até mesmo entrevistas à televisão, o filme de estréia do diretor Toniko Melo é divertido. Aliás, só por trazer Wagner Moura como protagonista já valeria o ingresso, e ele é claro, dá um show. Montagem eficiente e cenas de se gargalhar com culpa. É uma pena que o filme se concentre basicamente em duas histórias, quando sabemos que Marcelo aprontou muito mais. (Toniko Melo, 2011) **** 7,0
Fui assistir a “Jogo de Poder” sem nem mesmo ter lido a sinopse. Sean Penn tem essa moral, qualquer coisa que ele faça merece ser vista, e sua parceria com Naomi Watts se revela encantadora, perfeitos. Depois de ser massacrado com quarenta minutos de siglas sendo vomitadas para todos os lados, e uma câmera que parecia estar sendo segurada por uma criança, o filme engrena e fica bom. Pra mim foi interessante, aos poucos, perceber que aquela história absurda, de uma agente da CIA e seu esposo, um diplomata americano, serem esculachados pelo governo Bush apenas para justificar seu ataque ao Iraque, serem reais. O diretor Doug Liman faz questão de usar imagens verídicas de entrevistas e pronunciamentos do governo para percebermos que aquilo realmente aconteceu, e funciona. É realmente uma pena que a primeira metade seja tão ruim. (Doug Liman, 2011) *** 7,0
Após a morte do pai e a renúncia do irmão, o rei George VI se vê obrigado a discursar para multidões. Possuindo um grau altíssimo de gagueira, é levado pela mulher (Helena Bonham Carter) a procurar tratamento com um especialista (Geoffrey Rush). Um trabalho fantástico de Colin Firth, que mereceu o Oscar de melhor ator, mas o filme não aconteceria sem o brilhantismo de Geoffrey Rush. Direção de arte caprichada, montagem correta e...e é isso. “O Discurso do Rei“ tem tudo no lugar, certinho, bonitinho, angustiante em alguns momentos, mas nada de mais. Melhor filme do ano? Esses americanos estão todos loucos mesmo. (Tom Hooper, 2011) **** 8,5