O filme conta a história de Raquel Pacheco, garota de programa que ficou famosa e... a menos que estivesse numa ilha deserta nos últimos anos, acho que você conhece a história, então vou pular o resumo.
Fui à sessão de “Bruna Surfistinha” aberto a qualquer coisa, sem preconceitos de nenhuma espécie, sem esperar que fosse bom, ou ruim, e é mediano. Inicialmente o filme falha ao tentar demonstrar qual teria sido a motivação de Raquel para fugir de casa e se tornar uma garota de programa. O que vemos é que ela não tem uma boa relação com a família (?) e que é deslocada na escola, mas nada que justifique tal atitude, mesmo que ela repita que queria ser independente durante todo o tempo.
Num segundo momento, ao enfocar na vida de Raquel como prostituta, e sua transformação gradual em Bruna, é onde o filme brilha. Engraçado, chocante, desconcertante, e claro no que se propõe. (Perceba a cena em que diretor estreante Marcus Baldini opta por mostrar vários clientes seguidos, através de um travelling. Ao mesmo tempo em que é cômica pelos tipos esquisitos, realista com as sujeiras no chão, e elucidativa por mostrar a rotina sem cortes aparentes, nos dando a impressão que eram atendidos um logo após do outro.) Mais tarde, com o advento do blog, gadjets são inseridos na tela, com observações e cotações para os clientes atendidos, encaixa perfeitamente.
No campo das atuações, Deborah Secco mostra uma entrega à personagem, deixando o pudor de lado, com cenas se sexo quase explícito (sim, se você espera um filme sobre prostituta sem cenas fortes de sexo, nem se dê ao trabalho), uma beleza monumental e uma ótima atuação. Fabiula Nascimento e Drica Moraes são os destaques dos coadjuvantes, roubando as cenas em que aparecem.
No 3º ato, tudo o que se construiu ao longo do filme é jogado no lixo. Na tentativa de encontrar um ápice para o final, não convence e se mostra inverossímil em muitos momentos, não nos apresenta o tal homem que a tirou deste mundo e encerra com uma cena bobinha, querendo ser tocante. A sensação que se tem ao sair da sala de cinema é de decepção, pensando: “estava indo tão bem...”.
Bruna Surfistinha *** 6,0
Bruna Surfistinha, Brasil
Marcus Baldini, 2011