O cinema brasileiro ainda não conseguiu explorar o nicho de mercado dos adolescentes. Este novo trabalho de Laís Bodanzky tenta criar uma história divertida para jovens, mas sem a banalidade e a apelação erótica do cinema americano. Repetindo a parceria dos aclamados “Bicho de Sete Cabeças” e “Chega de Saudade”, Bodanzky e o roteirista (e marido) Luiz Bolognesi conseguem chegar lá.
Com narração em primeira pessoa, somos apresentados a Mano, um adolescente comum que sonha em ser guitarrista e tem que enfrentar problemas comuns, como a separação dos pais, a dificuldade da primeira transa, e eleição do grêmio estudantil.
Bodanzky procura trazer o máximo de realidade à trama com cenários que usam locações reais de uma escola, e até mesmo o quarto de jovens de verdade. Esse realismo também está presente nos diálogos rápidos, cheios de gírias e vazios de conteúdo, como são em sua maioria na juventude atual. Nesse sentido o personagem de Fiuk torna-se um estranho no ninho, por parecer ser o único que leva as coisas a sério(talvez até demais). E não é à toa que a fotografia das cenas em que está presente, e seus figurinos, sejam sempre escuros, nos remetendo à sua visível revolta.
O elenco, em sua maioria jovens que nunca haviam atuado, cumpre seu papel corretamente, com destaque à Gabriela Rocha, que traz naturalidade à personagem, e aparenta estar absolutamente confortável no papel. Dos veteranos, Denise Fraga aparece como a mãe compreensiva e inocente, protagonizando junto com o garoto Francisco Miguez uma cena na cozinha, que se revela a mais bela do filme, por tudo que representa, e pelas atuações corretas.
A direção ainda revela criatividade ao mostrar passagens de tempo e um bonito simbolismo, com repetidas cenas envolvendo a escada que leva o protagonista à casa do conselheiro e professor de violão, vivido por um contido Paulo Vilhena, que, aliás, finalmente mostra uma nova face.
Surgindo como um retrato fiel a adolescência atual, e tentando passar boas mensagens contra o preconceito e o culto a fofoca, As Melhores Coisas do Mundo será, para muitos jovens, a melhor coisa do mundo, até que vejam algo novo que tome esse lugar. Afinal, para os jovens, nada pode ser “o melhor do mundo” por muito tempo.
As Melhores Coisas do Mundo ****
As Melhores Coisas do Mundo
Lais Bodanzky, 2010
Muito Bom texto Nilson... A fotografia destacou bem. Ainda não vi o filme. Não achei um lugar decente para assisti-lo. Mas prometo que verei.
ResponderExcluirUm grande Abraço e bons filmes
Andrey
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