domingo, 28 de novembro de 2010

Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1


David Yates é um homem corajoso. Antes de assumir a direção de Harry Potter e a Ordem da Fênix e seguir no posto pelos seguintes, havia feito apenas um filme, mas não hesitou em colocar a sua marca política na série já consagrada.
Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 1 é um filme sombrio, escuro, levado em boa parte excessivamente pelas câmeras de mão demonstrando urgência. Abrindo com o símbolo da Warner em pedaços, nos anuncia o que virá pela frente. Logo em seguida Yates demonstra confiança no amadurecimento do espectador ao vermos uma mulher pendurada de cabeça para baixo, sangrando. Afinal, as crianças que acompanharam a série de filmes e livros desde o início, e me incluo nelas, cresceram faz tempo.  
Muito se diz que HP7 foi dividido em dois por questões financeiras, que são mais do que óbvias. Mas a desculpa dada, de que é um livro denso que ficaria melhor em duas partes, faz sentido. Sim, eu sei que HP5 era maior e deu certo, mas havia diversas tramas paralelas que foram ignoradas corretamente pelo diretor, o que fez muitos fãs o odiarem por isto. Já o sétimo livro é centrado nos protagonistas do inicio ao fim, sem espaço para subtramas. Uma adaptação com qualidade, que chegasse perto da fidelidade que este chegou, só com 4 horas de duração. Ou então, poderiam ter cortado os momentos de sofrimento, introspectivos, e até “parados”, que estão presentes no livro, mas Yates é um homem corajoso. HP7.1 tem trechos cadenciados, algo inimaginável num filme de magia adolescente, o que demonstra que muito mais que um filme de aventura, é um filme sobre amizade. Amizade de três jovens, que depois de sete anos, realmente é colocada a prova. Sendo assim, é ótimo perceber a evolução do trio protagonista. O Daniel Radcliffe amador do primeiro filme deu lugar a um ator que corresponde ao que se espera, algo que já havia demonstrado no filme anterior. Emma Watson cresceu drasticamente como atriz e abandonou as caretas exageradas dos anteriores, para um olhar contido, melancólico, e está perfeita como fio condutor, desde a cena de abertura. Rupert Grint, sempre eficiente, além de servir de alívio cômico, em meio a tanta sombra acaba sendo tomado por ela e nos mostra um lado de Rony que não conhecíamos nas telas.
Sempre critiquei a forma como mortes importantes aconteceram nos filmes anteriores. Filmadas de forma precipitada, sem transmitir emoção nem densidade. Desta vez Yates se esforça, constrói um arco para amarmos certo personagem, para em seguida o vermos partir, de forma sofrida. Ainda que realmente tenha-se feito a lição de casa, a mim, ainda não atingiu em cheio.
Yates e Steve Kloves, roteirista de quase toda a saga, também não deixam sua imaginação de lado ao criar cenas do zero, algo que já fizeram com maestria logo na abertura do sexto filme. E desta vez não é diferente. A melhor cena do filme, não está no livro. Uma sequência de dança envolvendo dois dos protagonistas, que revela como aquela amizade é sólida, o quanto eles se gostam, e o quanto se respeitam. Essa sim, realmente tocante.

Em tempo: Dobby é, de longe, o personagem mais apaixonante de toda a série, e é dele a melhor frase do longa: “Dobby não queria matar, Dobby queria apenas mutilar ou causar ferimento grave.”

Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1 **** 9,0
Harry Potter and The Deathly Hallows: Part 1
David Yates, 2010

4 comentários:

  1. "Harry Potter e as Relíquias da Morte" mostra o apuro total da série que conquistou milhares de fãs no mundo inteiro - até para os não iniciados no mundo da magia, ou viciados nesse contexto da fantasia. É um filme que, finalmente, encontra seu teor de maturidade, numa direção mais central e cuidadosa de Yates - que com a ajuda do roteirista Kloves - consegue condensar todas as principais partes do livro, bem como diálogos. Toda a essência está ali, ao contrário dos anteriores que acabavam por correr demais em certas passagens.

    É realmente admirável ver como o elenco aqui está mais entrosado, ou melhor: Temos um Daniel Radcliffe mais maduro. Rupert Grint e Emma Watson, num mundo mais justo e acolhedor, poderiam ser indicados ao Oscar. Sim, eles têm uma atuação mais emocional, estão realmente bem no filme, há momentos que até impressiona.

    O roteiro consegue fluir bastante, evitando cenas rápidas, explica muito bem certos contextos do filme, é admirável o cuidado em até situações rápidas que no livro parece não ter importancia, mas no filme faz todo o sentido. Eu gostei muito da forma sombria que o filme tem, da maneira "adulto" estampado em cada cena, nos diálogos até reflexivos do trio central. Inclusive, há mais ousadia nesse, até sensualidade em uns contextos, a puberbade mais evidente...e o senso dark, fora do contexto de magia dentro de Hogwarts - iniciado desde "A Ordem da Fenix" aqui atinge seu ápice...

    Diferente mesmo este filme, pois o roteiro não tem partes confusas ou desconexas como muitos trabalhos cinematográficos, adaptados de livros, tendem a demonstrar.

    Gostei dos momentos de Harry - Rony - Hermione.
    Da forma como a mão de Yates priorizou as atuações deles...
    Helena Bonham Carter conseguiu também acertar seu tom como Bellatrix Lestrange, se antes ela parecia meio artificial demais, neste filme assombra demais.

    O que foi aquela parte da animação no meio do filme mesmo? muito bom ter colocado o Conto sendo explicado com uma animação.

    As cenas de ação, ainda que não tão extensas e intensas, são impressionantes e iguais aos do livro. A trilha de Alexandre Desplat, ainda que correta(talvez, a menos inspirada deste compositor que surpreende a todo trabalho), é satisfatória - mas, é verdade, de longe é o ponto mais fraco do filme. A fotografia de Eduardo Serra (admiro ele, já havia feito um belo trabalho no "Moça com Brinco de Pérola")muito boa, dá todo o clima do livro/filme, a forma como o filme usou de referências de outros filmes tambem me agradou.

    Há um clima triste que paira todo, algo meio pessimista, intimista até - de fato, o último livro da saga é o mais denso e pesado, precisava de um filme que fizesse jus a ele. Há momenos emocionais, como a passagem de Dobby...há cenas bem emocionantes mesmo.

    Eu realmente estou admirado com o trabalho deste filme!
    Ao contrário de todos, acho o melhor do ano até agora. Isso mesmo, mais até que os idolatrados "A Origem".

    Que venha a parte dois!
    Abraço

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  2. Maneiro o seu blogue, bem informativo nas resenhas. Voto por ele na SBBC e te sigo.
    abraços,
    Bruno,
    http://quadradodosloucos.blogspot.com

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  3. Esse negócio dos personagens morrerem "do nada", sem estardalhaço, é uma coisa que até virou marca da franquia. Tb não gosto muito disso, e eu achava até que era marca da autora (não li os livros). De qualquer maneira, é algo que se contrapõe a um filme de magia, já que isso é exatamente o que acontece na vida real.

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  4. Nilson, adorei sua resenha e concordo com suas palavras. HP 7.1 é emocionante, ainda mais para fãs como a gente. Evolução é a palavra certa para descrever o que é a saga HP... Concordo plenamente quando você diz que a melhor cena foi a da dança, não podendo esquecer também da cena em que Dobby nos deixa...

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