quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Minhas Mães e Meu Pai

Nic e Jules são um casal de lésbicas, casadas há anos, com filhos adolescentes, Joni e Laser, concebidos através de duas inseminações artificiais de um mesmo doador anônimo. Quando Joni faz 18 anos, Laser a convence a procurar pelo pai biológico e a inclusão deste novo membro na família traz diversas consequências. Não, “Minhas Mães e Meu Pai” não é voltado para o público homossexual, é apenas um filme que mostra a intimidade de uma família, que poderia ser qualquer outra.
A diretora Lisa Cholodenko, gay assumida, faz questão de mostrar que esta não é uma questão que influencie na criação dos filhos, nem nas relações familiares. Os jovens não apresentam qualquer restrição às mães, e mesmo quando vemos um deles dizer, em meio a uma discussão: “Eu tenho nojo de vocês duas”, percebe-se que nada tem a ver com o que se imaginaria inicialmente. Aliás, o único momento diferente nesse aspecto é o desconcerto de um personagem, ao ser avisado sobre o casal homossexual, que reage sem jeito: “I Love lesbians!”. Apesar da naturalidade com que o tema é tratado, há um momento que deve deixar boa parte do público desconfortável, quando vemos flashes de cenas de um filme pornô. Inicialmente achei desnecessário e com o objetivo de chocar, algo que se dilui quando a personagem de Julianne Moore explica a situação de forma magistralmente divertida.
Apesar de apelar para situações clichês, como certa traição, e gags manjadas como uma televisão que aumenta o volume quando está passando algo impróprio para o resto da casa, “Minhas Mães e Meu Pai” acha algumas saídas interessantes. As circunstâncias inusitadas fazem com que a palavra “esperma” seja dita à mesa com naturalidade, e a palavra “língua” provoque uma risada coletiva.
Mas este filme não será lembrado por seu roteiro, e sim pelas suas atuações. Mark Ruffalo, como sempre perfeito. Julianne Moore e Annette Bening dão show, e só não impressionam mais, pois são prejudicadas por uma montagem que parece querer cortar as cenas quando estas estão ficando emocionantes. Bening, aliás, é a favorita ao Oscar de 2011 por este papel, e se levar será mais do que merecido. Até mesmo Mia Wasikowska, que critiquei em “Alice no País das Maravilhas” encontra espaço para mostrar a que veio e consegue construir com Josh Hutcherson (quem tem menos a acrescentar), uma dinâmica entre irmãos com verossimilhança rara de se ver.
Engraçado, emocionante e com atuações fascinantes, “Minhas Mães e Meu Pai” fazem alguns clichês valerem a pena de serem revistos.

Minhas Mães e Meu Pai  ****  8,0
The Kids Are All Right
Lisa Cholodenko, 2010

4 comentários:

  1. Annette Bening merece, assim como J. Moore, um Oscar há tempos - chegou o momento, será? bem verdade, Bening tem mais força no filme que Moore, mas ambas estão intensas.

    De fato, Mia está muito bem - diferente de sua atuação no piloto automático em Alice...
    Eu achei esse filme real, tocante e necessário!
    em breve comentarei sobre ele!

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  2. Este foi o último que assisti e fiquei encantada com o dinâmica do triângulo Moore - Bening - Ruffalo. Muito bom!!! :)

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  3. Gostei muito da naturalidade que tudo é abordado. Filme leve, engraçado e gostoso de se ver. Ri alto, sozinho. Acho que o pessoal da minha familia pensou que eu tava ficando louco.

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  4. Tirando a atuação do casal lésbico, achei o filme muito fraco.

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